Alienação no trabalho e no lazer
O conceito de alienação é comum a vários domínios do saber. Na filosofia política, fala-se de alienação para designar a condição do trabalhador que, à semelhança de uma peça de engrenagem, integra a estrutura de uma unidade de produção sem ter nenhum poder de decisão sobre sua própria atividade nem direitos sobre o que produz. Transcendendo o âmbito da produção, a alienação se estende às decisões políticas sobre o destino da sociedade, das quais as grandes massas permanecem alijadas, e mesmo ao âmbito das vontades individuais, orientadas pela publicidade e pelos meios de comunicação de massas.
O processo de alienação na sociedade industrial afeta também a utilização do tempo livre destinado ao lazer. A indústria cultural e de diversão vende peças de teatro, filmes, livros, shows, jornais e revistas como qualquer outra mercadoria. E o consumidor alienado compra seu lazer da mesma maneira como compra qualquer objeto. Agindo desse modo, muitos se es¬forçam e fingem que estão se divertindo, pensam que estão se divertindo, querem acreditar que estão se divertindo. Na verdade, “através da máscara da alegria se esconde uma crescente incapacidade para o verdadeiro prazer”. Antes o lazer era privilégio dos nobres que, nas caçadas, festas, bailes e jogos intensificavam suas atividades predominantemente ociosas. Mais tarde, os burgueses enriquecidos também podiam se dar ao luxo de aproveitar o tempo livre. Os artesãos e camponeses que viviam antes da Revolução Industrial seguiam o ritmo da natureza: Trabalhavam desde o clarear do dia e paravam ao cair da noite. Entretanto havia "dias sem trabalho", que ofereciam possibilidade de repouso, embora não muito, pois geralmente os feriados previstos eram impostos pela igreja e havia a exigência de práticas religiosas e rituais obrigatórios.
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