O simbólico, o imaginário e o dom
Milena Maria sarti[1]
Raquel Horta Fialho do Amaral cougo[2]
Leda Verdiani tfouni[3]
Resumo: Investigamos o papel determinante que o significante, sinal do Outro, exerce no estabelecimento de um circuito de trocas intersubjetivo. Fundamentamos nosso trabalho na articulação do poder atribuído à coisa dada na lógica do dom de Mauss à noção de mais-além do objeto, tal como descrita por Lacan. Nesse encontro da antropologia com a psicanálise apreendemos a incidência de uma lei simbólica na economia imaginária do dom e concluímos que todo circuito de trocas impõe um ritmo ternário, mediado pelo significante, se distanciando da dualidade imaginária sobre a qual aparentemente repousa a intersubjetividade e o valor atribuído aos objetos.
Palavras-chave: Intersubjetividade. Simbólico. Imaginário. Objeto a. Economia do dom.
Abstract: We will investigate the determinant role that the significant, the signal of the Other, exerts over the establishment of a circuit of intersubjective exchanges. We shall fundament our work on the connexions between the attributed power to the given thing, in gift's logic of Mauss, and the concept of further of the object, as described by Lacan. In this encounter between anthropology and psychoanalysis, we will apprehend the incidence of a symbolic law on the imaginary gift’s economy, and we will conclude that every circuit of exchanges imposes a ternary rhythm mediated by the significant, distanced from the imaginary duality over which intersubjectivity and the value attributed to objects apparently rely.
Keywords: Intersubjectivity. Symbolic. Imaginary. Object a. Gift’s economy.
Introdução
Nas investigações acerca das sociedades ditas primitivas costuma-se identificar a existência de uma espécie de economia natural, pautada segundo a troca e a permuta (MAUSS, [1923-24] 1974). Porém, Marcel Mauss e seus parceiros, em suas investigações acerca dos polinésios, melanésios e