O Sagrado e o Poder

2038 palavras 9 páginas
O Sagrado e o Poder: Um ensaio fenomenológico
1Allan Regis da Silva

No espírito jocoso de uma das charadas mais batidas da história da ciência, propor-se-á a pergunta: Quem veio primeiro, o sagrado ou o poder? Sabe-se que o sagrado tem algo de poderoso e que o poder tem algo de sagrado. Dizem que as ciências humanas se movem em terreno movediço. A imagem onírica logo eclode: é a dos solos lodosos nos manguezais do nordeste brasileiro, onde afundo minhas pernas na lama caçando caranguejos, e dou de cara com meu semblante no espelho d’água. É Como disse Jules Michelet certa vez, “na evolução do tempo, em vez de ser feita pelo historiador, é a história, sobretudo, que o faz.”2 Mais do que torrentes diluvianas destruidoras de referenciais existenciais e epistemológicos, que o pós-modernismo nos permita renová-los com novo viço. A História está nas mãos do homem, tolo que foi de “cair dançando no abismo”, das águas pós-modernas, descarnado Narciso. Matará ele o monstro marinho e renascerá como fez Cristo? Na dupla tentativa de contribuição acadêmica e ebulição endêmica, escrevo este ensaio. O sagrado tal como entendido pela fenomenologia da religião, é uma categoria a priori no sentido kantiano, ou seja, uma noção universal e necessária captada pelas intuições puras da sensibilidade3. Em Rudolf Otto - que é pilar fundador da ideia de sagrado hasteada pelos doutos da fenomenologia religiosa - trás em sua obra magnânima, O Sagrado (2007), a tese de que o sagrado é uma categoria composta por aspectos racionais e irracionais. Dos aspectos racionais fazem parte a moral religiosa e as normatizações de doutrina. Mas são nos aspectos irracionais que se dá experiência religiosa, aspectos irracionais estes que Otto chamou de numinoso, cuja essência não pode ser conhecida, somente experimentada. Para que essa experiência possa ser comunicada a outrem, faz-se necessário o uso de ideogramas, ou metáforas. A grande epopeia do livro se dá então por uma análise dos aspectos

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