O sagrado e a experiencia religiosa
Departamento de Filosofia e Teologia * Prof. João índio * 1/2009
1 - O SAGRADO E A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA Carolina Teles Lemos
O sagrado se apresenta na vida e na história como o “totalmente outro”, aquele que está além da esfera do cotidiano, do compreensível, do familiar. É algo pleno de valor, que ultrapassa toda a capacidade de compreensão; possui um valor objetivo que impõe respeito por si mesmo.
Ao tentarmos definir o sagrado, a primeira definição que se impõe é a de que este se opõe ao profano. O sagrado se caracteriza pela ambigüidade, ou seja, as coisas e forças sagradas são ambíguas, pois são físicas e morais, humanas e cósmicas, positivas e negativas, propícias e não-propícias, atraentes e repugnantes, favoráveis e perigosas para as pessoas.
O sagrado é também relativo, isto é, algo pode ser sagrado para algumas pessoas e não ser para outras. Por exemplo, a vaca é um animal sagrado para os indianos, mas é um animal como os outros para as culturas ocidentais; a eucaristia é algo sagrado para os cristãos, mas é apenas um pão para outras culturas.
1.1 A HIEROFANIA
A hierofania (manifestação do sagrado) consiste em uma aparição que se diferencia do profano, do cotidiano, do normal. Esta hierofania pode se dar através de objetos, de lugares ou do espaço temporal, tornando-os também sagrados.
Hierofania em objetos: neste caso, um objeto qualquer se transforma em outra coisa. No entanto, sem que o objeto deixe de ser ele mesmo. A qualidade sagrada não é intrínseca ao objeto, mas a ele é conferida por pensamento e sentimento religioso. O sagrado não é um aspecto da natureza empírica, mas é colocado sobre ela. Assim, os objetos sagrados simbolizam o mundo-não-visto, e a atitude provocada pelos mesmos é de intenso respeito e reverência. O culto religioso não se dirige, fundamentalmente, a símbolos ou a outros objetos, mas a um poder que se difunde em tais