O saber local
CAPITULO I
Um pequeno escândalo aconteceu na antropologia quando Malinowski , em A Diary in the Strict Sense of the
Form, demoliu o “mito do pesquisador de campo camaleão”.
A questão trazida foi epistemológica e Geertz se pergunta: “se é necessário que antropólogos vejam o mundo do ponto de vista dos nativos, onde ficaremos quando não pudermos mais arrogar-nos alguma forma unicamente nossa de proximidade psicológica, ou algum tipo de identificação transcultural com nossos sujeitos? Para responder a esta pergunta, Geertz traz os seguintes conceitos de Heinz Kohut: experiência-próxima: é mais ou menos, aquele conceito que alguém - um paciente, um sujeito, em nosso caso informante - usaria naturalmente e sem esforço para definir aquilo que seus semelhantes vêem, sentem, pensam, imaginam etc. e que ele próprio entenderia facilmente, se outros o utilizassem da mesma maneira.
Ex: amor, casta e nirvana para hindus e budistas experiência-distante: aquela que especialistas de qualquer tipo -analista, pesquisador, etnógrafos...- utilizam para levar a cabo seus objetivos científicos, filosóficos ou práticos. Ex:catexia em um objeto, estratificação.
A diferenciação trata-se de uma questão de intensidade e não de oposição extrema.
Um dos conceitos não é necessariamente melhor do que o outro. Limitar-se a experiência-próxima deixaria o etnógrafo afogado em miudezas e preso em um emaranhado vernacular. Limitar-se a experiência-distante o deixaria perdido em abstrações e sufocado com jargões. A verdadeira questão é relaciona-se com os papéis que os dois tipos de conceitos desempenham na análise antropológica, ou seja, como devem estes ser empregados em cada caso.
O que é importante é descobrir que diabos eles acham que estão fazendo. Em um certo sentido, ninguém sabe disso melhor que eles, por isso a vontade de nadar na corrente de suas experiências. No entanto, este truísmo e falso. As pessoas usam conceitos de