O que é religiao?
O autor inicia a sua obra explicando o fenômeno religioso na contemporaneidade. Afirma que a religião não perdeu seu poder em nossos dias. Embora se viva num tempo muito especial da história, apesar do advento de técnicas revolucionárias da ciência, do aprimoramento industrial, do desenvolvimento de métodos econômicos, verifica-se que o fascínio da religião tem permanecido como em todas as eras e gerações humanos. Ele se instala como um fenômeno subjacente, vinculado ao ser humano, posto que o homem é em si um ser religioso.
A consciência do religioso é como uma teia que se expande e amarra os elos relacionais do existir humano. Negar o sentimento do religioso seria negar o próprio sentido que toma norteios e se torna uma cartilha que inscreve as respostas que dão segurança à vida do homem. Rubem Alves diz que não se liquida a religião com abstinência dos atos sacramentais e a ausência dos lugares sagrados, da mesma forma que o desejo sexual não se elimina com os votos de castidade. Ou seja, mesmo negando ou omitindo a visibilização do religioso nos altares de fora – templos, catedrais, imagens... símbolos – a presença do religioso nos altares da alma é que dá condução à construção para o que existe como objeto externo. Deste modo, “é quando a dor bate à porta e se esgotam os recursos da técnica”, segundo Rubem Alves, “que nas pessoas acordam os videntes, os exorcistas, os mágicos, os curadores, os benzedores, os sacerdotes, os profetas e poetas, aquele que reza e suplica, sem saber direito a quem...”.
É justamente nas horas de indômitas certezas, de existência vacilante, de crise vocacional, de resoluções vencidas que o sentimento religioso se instala como fator mais arraigadamente sisudo na