O que é cancer
O que é câncer? A pergunta pode parecer besta, mas a medicina bateu cabeça por milênios para tentar respondê-la (veja abaixo a linha do tempo). Que doença estranha é essa que faz com que uma parte do nosso próprio corpo comece a crescer descontroladamente até nos matar? Bom, para começar, nem dá para dizer que câncer seja “uma doença” – e é por isso que é ingênuo acreditar que um dia encontraremos uma cura para ele. É mais correto dizer que ele é um “fenômeno”, desencadeado por uma porção de possíveis causas.
Para entender isso, temos que voltar um pouco no tempo – uns 4 bilhões de anos, mais ou menos. Todos nós, humanos, somos descendentes de um primeiro organismo unicelular, uma simples bactéria. Desde aquele tempo está em vigor uma lei imutável que rege os seres vivos: a da seleção natural, pela qual quem não deixa descendentes desaparece. No tempo das bactérias essa luta para sobreviver era bem simples: quem se multiplicasse com mais velocidade ocuparia antes os espaços disponíveis do planeta e teria imensas chances de vencer a competição evolutiva contra outras espécies. Quem não fizesse isso seria eliminado.
Quando surgiram os seres multicelulares, a regra do jogo mudou um pouco. As células precisaram aprender a cooperar, para que o crescimento exagerado de uma não matasse as outras. Tal cooperação só foi possível porque as células desenvolveram uma série de truques químicos para evitar que a divisão celular fugisse do controle. Esses truques são como “sistemas de segurança”, projetados pela evolução para nos proteger da vocação egoísta de cada célula. Mas hábito é hábito. Basta algum desses sistemas falhar – o que acontece em geral por causa de um desequilíbrio ambiental que provoca uma mutação genética – e a célula vai fazer aquilo que ela faz melhor: multiplicar-se sem controle. E, daí para a frente, o darwinismo explica tudo: num corpo no qual há células sob controle se multiplicando devagar e células descontroladas se dividindo