O que dizer de ‘shame’?
O filme tem uma pegada bem pesada. A fotografia escura remete um ambiente de tensão contínua, assim como nos personagens, dramáticos e carentes. A vida de Brandon fica mais difícil quando sua irmã mais nova Sissy (Mulligan) resolve passar uma temporada com ele. Ela tem suas peculiaridades que tiram qualquer um do sério, como transar com seu chefe e amigos próximos. Pra se ‘distrair’, ele acaba cedendo à tentação.
O vício, no entanto não o deixa se descontrolar. Em todos os momentos Brandon se mantém muito sério e consegue estabelecer uma vida social equilibrada, seja no trabalho ou mesmo sozinho em casa, ele não parece sofrer. Aliás, ele nem sentimentos parece ter, visto como trata as pessoas e até mesmo em suas transas. Seu objetivo é conseguir um bom orgasmo, nada mais. Mesmo assim, percebe-se que o passado dele e de sua irmã é traumático e que as dores ainda estão ali.
O filme tem cenas que marcam. Sissy cantando um jazz é uma delas, uma interpretação incrível. Uma das transas ou quase transa também é bem interessante, não há como não se instigar.
O que faltou ao filme é mais explicação. O roteiro criado não nos deixa conhecer os personagens, nem o passado e muito menos o futuro deles. É tudo bastante incerto. Mais do que mostrar o protagonista correndo por dois intermináveis minutos, o roteiro e a direção poderiam ter desenvolvido melhor a história.
Esteticamente é impecável, tanto as disposições das câmeras, a fotografia cinzenta, a trilha sonora, bem como a atuação de