O PRINCIPE
Como nem sempre é possível não alterar as antigas leis, podendo ocasionar na não obediência dos habitantes da província, convém ao príncipe passar a ser temido, já que não conquistou o amor do povo. Para Maquiavel, é melhor ser temido do que amado, isso porque os homens são ingratos, volúveis, fingidos e dissimulados, e estarão a favor do príncipe apenas quando os convém.
“O amor é mantido por um vínculo de reconhecimento, mas, como os homens são maus, se aproveitam da primeira ocasião para rompê-lo em benefício próprio, ao passo que o temor é mantido pelo medo da punição, o qual não esmorece nunca” (MAQUIAVEL, página 102).
Em cidades ou principados que tinham suas próprias leis, prevalecia a conquista por meio do terror; assassinando quem poderia prejudicá-lo mais tarde, fortalecendo novas normas civis e militares, de tal modo que se tornava temível não apenas no território conquistado, mas também nos territórios vizinhos. Entretanto, se o príncipe não puder ser amado, deve inspirar temor, mas não ao nível de atrair o ódio.
“A melhor fortaleza que há é não ser odiado pelo povo; pois, por mais fortalezas que você tenha, se o povo o odiar, elas não o salvarão” (MAQUIAVEL, página 121).
Há inúmeras maneiras de deixar o povo feliz, como promover festas e espetáculos, comparecendo de vez em quando, dando exemplo de humanidade, mas sempre mantendo seu posto; não se atentar nem contra a honra nem contra os bens dos homens; dar hospitalidade aos homens que sejam excelentes em alguma arte; encorajar os cidadãos a exercer seus ofícios; e não