O príncipe

O Príncipe cap. I – XII

Todos os Estados e todos os governos que exerceram ou exercem certo poder sobre a vida dos homens foram e são repúblicas ou principados. Este ou é hereditário ou é nascente. Os domínios conquistados vivem sob o poder de um príncipe ou afeitos à liberdade; e sua posse se dá graças a fortuna ou graças a virtú. Neste livro, Maquiavel vai tratar apenas dos principados. Ele afirma que é mais fácil conservar os Estados hereditários, onde arraigou-se a linhagem do seu príncipe, que os novos Estados, porquanto para tanto não bastará não preterir a ordem ancestral. Um principado novo apresenta dificuldades. Se ele surge de um principado maior, as alternâncias resultam uma maior dificuldade e os homens facilmente substituem o governante, acreditando em melhorias. Necessita-se sempre da ajuda de gente local ara o ingresso nas suas terras. Entretanto, por uma vez reconquistadas as terras sublevadas, perdê-las será mais difícil. Os Estados conquistados ou comungam da mesma origem e da mesma língua, ou não comungam. Quando sim, torna-se muito mais fácil conquistá-los. Logo, aquele que conquista este tipo de Estado, querendo mantê-lo seu, deve atender a duas coisas: uma, em extinguir a linhagem do seu antigo Príncipe; a outra, em não modificar nem as suas leis, nem os seus impostos. Quando conquista-se um Estado de uma Nação de língua, costumes e governo diferentes que surgem as dificuldades e que se deve contar com muita sorte (fortuna) e possuir grande talento para conservá-lo. Morar nas terras por ele conquistadas seria uma medida eficaz, isto faria mais segura e mais duradoura a sua posse, pois fixando-se no próprio território, vê-se a origem das desordens e assim, é possível remediá-las. Quando se está ausente, só se toma conhecimento desta quando assumem uma proporção que nenhum remédio pode agir. Outra medida é enviar colonos assentando-os em uma ou duas zonas do principado, pois servirão como verdadeiros grilhões deste Estado. Se