O poder
Por Carolina Cortez
Após um longo dia de treinamentos na subsidiária da companhia na Finlândia, os gestores deixaram a sala de reuniões e começaram a organizar o próximo evento, nada corporativo: a sauna. Ao receberem o convite para o 'happy hour' dos colegas finlandeses, os brasileiros presentes sentiram na pele, por um breve momento, o que é ser um estrangeiro em uma empresa cuja cultura é bem diferente da qual estavam acostumados.
Cristian Gut, alemão expatriado no Brasil, também estranhou o convite, mas já estava habituado a lidar com o "incomum" todos os dias no território verde-amarelo da corporação. São apenas detalhes - como cantar parabéns durante o expediente para o colega que faz aniversário -, mas que podem gerar desconforto e atrito quando um processo de expatriação não é bem-sucedido. "Minha primeira preocupação quando cheguei ao Brasil era aprender a língua. Com o tempo, percebi que as minhas dificuldades de comunicação não estavam no português, mas no relacionamento pessoal e profissional", afirma.
Ao dizer que um projeto estava com problemas e precisava de ajustes, por exemplo, Gut percebia uma reação negativa do seu time. "Estranhava muito a forma como as pessoas recebiam a informação", conta. Descobriu, depois, que a comunicação com os brasileiros precisava ser mais indireta, destacando algum viés positivo mesmo para apontar erros e sugestões de melhoria.
Para se adaptar ao ambiente de negócios brasileiro e minimizar possíveis choques culturais, o executivo recorreu ao coaching no ano passado. O processo, que durou entre quatro e cinco meses, contribuiu para que ele compreendesse melhor as particularidades da cultura corporativa do país e desenhasse um plano de carreira dentro desse cenário.
Embora tenha contratado um coach, o engenheiro conhece o Brasil há dez anos. Foi em 2002 que embarcou no país pela primeira vez, como estagiário em uma empresa alemã de automação