O poder na educação
Foucault apresenta ao longo de sua obra uma teoria a respeito da sociedade disciplinar, que mostra como as práticas e os saberes vêm funcionando ao longo da Modernidade: através do adestramento. Ele afirma, comparando hospitais, quartéis, escolas, prisões, que o poder é relacional, se dá, sobretudo sobre os corpos e encontra-se difuso na sociedade e é por isso que Foucault trata de uma microfísica do poder. Porém, o poder, ao contrário da dominação, permite resistência. O poder manifesta-se de diversas formas, principalmente nas instituições de ensino, onde há forte expressão do exercício do poder relacionado ao saber.
A escola é uma instituição na qual todos (pelo menos deveria ser assim) passam boa parte de sua infância e juventude. Foi concebida como uma grande máquina capaz de fazer corpos dóceis, maleáveis e, à medida que os indivíduos passam mais tempo nela, os efeitos do processo disciplinar se tornam notáveis. (Veiga-Neto, 2005) De acordo com Foucault determinando lugares individuais tornou possível o controle de cada um e o trabalho simultâneo de todos. Organizou uma nova economia do tempo de aprendizagem. Fez funcionar o espaço escolar como uma máquina de ensinar, mas também de vigiar, de hierarquizar, de recompensar.
A disciplina encontra-se na base de sustentação da escola. Os mecanismos utilizados para exercer o controle são muitos.
Importa estabelecer as presenças e as ausências, saber onde e como encontrar os indivíduos, instaurar as comunicações úteis, interromper as outras, poder a cada instante vigiar o comportamento de cada um, apreciá-lo, sancioná-lo, medir as qualidades ou os méritos. Procedimento, portanto, para conhecer, dominar e utilizar. A disciplina organiza um espaço analítico. (Foucault, 2004, p. 123)
O alinhamento se manifesta não apenas fisicamente, nas fileiras de alunos, mas também através de um conjunto de alinhamentos obrigatórios: cada aluno segundo sua idade, seus desempenhos, seu comportamento,