O PENSAMENTO Serafim
A teoria vigotskiana é instrumental, histórica e cultural (Luria,1992). É instrumental, por se referir à natureza mediada das funções psicológicas superiores[1]. Diferentemente dos animais, que mantém relação direta com a natureza, o processo de hominização surge com o trabalho, que inaugura a mediação com o uso de signos e instrumentos, permitindo a modificação do psiquismo humano e da realidade externa, respectivamente. Em um movimento dialético, os seres humanos criam novos cenários, que determinam novos atores novos papéis.
Enquanto o uso dos instrumentos possibilita a transformação da realidade, que passa a exigir um novo tipo de interação é a utilização dos signos, especialmente a linguagem, que organiza e desenvolvem as funções tipicamente humanas, as chamadas funções superiores da consciência.
É a plasticidade do cérebro humano que permite que tal transformação ocorra, sendo fundamental a interação social, pois as funções, que são sociais em um primeiro momento, devem ser exercidas na relação para serem apropriadas pelo ser humano, tornando-se assim individuais.
É histórica e cultural por propor a compreensão do ser humano inserido em uma cultura determinada, com suas ferramentas, inventadas e aperfeiçoadas no curso da história social da humanidade, com as contradições impostas pela dialética.
A psicologia histórico-cultural é uma ciência que se desenvolve em estreita ligação com outras ciências e que tem como objeto de estudo a atividade do homem no plano psicológico e se propõe à tarefa de estabelecer as leis básicas da atividade psicológica, estudar as vias de sua evolução, descobrir os mecanismos que lhe servem de base e descrever as mudanças que ocorrem nessa atividade nos estados patológicos (Luria, 1991, p. 1). A psicologia deve analisar como o ser humano, ao longo da evolução filo e ontogenética (na evolução enquanto espécie e enquanto ser humano) interpretam e representam a