O pensamento conservador
Antonio Ozaí da Silva*
com outros indivíduos e instituições. Assim, o indivíduo “X” pode ser rotulado de conservador por seus gostos e opiniões que indicam um apego à tradição e resistência ao novo. Esse aspecto emotivo também se faz presente na política, na medida em que se reduz o conservadorismo à sua função e não se aprofunda o seu conteúdo – em outras palavras, trata-se de compreender o conservadorismo não apenas do ponto de vista adjetivado, mas também substantivamente. A própria linguagem política faz um uso político do uso comum do conservadorismo. Dessa forma, politicamente explora-se a idéia de que todos somos conservadores por natureza – já que, nas relações humanas e sociais, tendemos a rejeitar e/ou resistir ao novo. Apregoa-se, portanto, a idéia de que o conservadorismo é mais do que uma doutrina política: estaria incrustado na essência do ser humano. A compreensão do conteúdo político do conservadorismo, ou seja, deste enquanto conceito, não é possível sem que o analisemos numa perspectiva histórica que nos remeta à sua origem concreta. O pensamento conservador, em suas origens, expressa a alternativa à modernidade, ao pensamento progressista. Ambos têm a mesma raiz histórica, são fatores inseparáveis do processo de secularização e laicização do pensamento político e social europeu. A rigor, este processo se inicia com a ascensão da burguesia, a emergência do indivíduo e do individualismo (o homem burguês), do
A palavra conservador indica substantivo e adjetivo. No primeiro caso, conservador, e a derivação conservadorismo, implicam um conceito, um conteúdo; no segundo, corresponde à qualificação de atitudes práticas e idéias. Do ponto de vista do uso comum, conservadorismo está ligado à pretensão de manter intacta, de conservar, portanto, de rejeitar o novo e o apelo à mudança, visto como riscos à ordem instituída. A Ciência Política segue procedimento semelhante identificando o conservadorismo às idéias e atitudes que