o pedagógico na educação infantil
BUJES, Maria Isabel Edelweiss
Os controles socialmente induzidos através da regulação do espaço e do tempo contribuem, ao interiorizar-se, para ritualizar e formalizar as condutas, incorporam-se na própria estrutura da personalidade, ao mesmo tempo que orientam uma determinada visão de mundo já que existe uma estreita inter-relação entre os processos de subjetivação e objetivação.
(Varela, 95, p. 38)
Introdução
A discussão sobre a identidade da educação infantil tem constituído um tema desafiador para aqueles/as que se têm dedicado a ela como objeto de estudo mas também para os/as que militam politicamente para seu reconhecimento como direito das crianças brasileiras e de suas famílias.
A incursão a que me proponho, neste trabalho, é limitada nas suas pretensões e no seu escopo. Buscarei examinar preliminarmente as concepções que associam as operações de educar e cuidar como representativas dos programas institucionais voltados para o atendimento à criança pequena, em creches e pré-escolas (como de resto, também, diga-se de passagem, em outras formas de atendimento). Mostrarei também como tais formas de conceber o que cabe à educação infantil, foram associadas às perspectivas que classificam tais iniciativas como educativas ou assistenciais. Por último, argumentarei que advogar pela introdução do pedagógico, como solução, no sentido de superar o caráter discriminatório, pejorativo e moralizador de muitas das iniciativas classificadas como assistenciais, supõe uma interpretação limitada e unívoca do que se toma como pedagógico, impossibilitando que outras vozes e outros entendimentos da questão possam vir à discussão.
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O objeto deste trabalho é, portanto, a produção discursiva sobre o pedagógico nas instituições de educação infantil. Na eleição desses discursos sobre o pedagógico nas creches e pré-escolas como objeto de estudo, tomo-os como guias que dotam de
determinados