O Outro e a alteridade
Emmanuel Lévinas, o outro e a alteridade
As transformações econômicas aliadas ao progresso técnico e científico desencadearam um processo de massificação do homem contemporâneo que se expressa na totalidade do Eu e no individualismo.
Como se sabe, a sociedade contemporânea é fruto do ideal de emancipação da modernidade1 calcado no tripé “Liberdade, Fraternidade e Igualdade” que se espalhou por todo mundo e influenciou sobretudo as concepções ocidentais.
Passado já algum tempo, o ideal não se cumpriu e a destruição e a barbárie, ainda se fazem presentes. A morte e a violência se tornaram aceitáveis ante o progresso científico-tecnológico; novas necessidades e desejos de consumo
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escravizam o homem em nome do desenvolvimento do capitalismo; o individualismo e o egoísmo se justificam diante da competividade e da concorrência. Enfim, o individualismo continua sendo fomentado como forma de se atingir a felicidade plena.
É nesse contexto de não reconhecimento, de negação do outro, que
Emmanuel Lévinas busca dar um sentido novo para a valorização ética do humano. Construíndo uma reflexão crítica da ontologia, ele oferece uma perspectiva de superioridade da ética sobre o Ser.
Lévinas tem como base de todo o seu pensamento filosófico a relação com o outro - âmago de toda vinculação humana. As relações do ser humano são complexas, ou seja, a relação do Eu não é consigo mesmo, nem entre Eu e o outro apenas, mas entre diversos seres humanos, numa existência plural. Ele propõe a ética2 da alteridade3 que, basicamente, consiste em se abrir para o outro, em espe-
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Quanto a divisão entre modernidade e pós-modernidade nos remetemos ao que diz Boaventura de
Souza SANTOS: “Afirmar que o projeto da modernidade se esgotou significa, antes de mais nada, que se cumpriu em excessos e déficits irreparáveis. São eles que constituem a nossa contemporaneidade e é deles que temos de partir para imaginar o futuro e