A crítica literária e a subjetividade do outro: a questão da alteridade.
Wanessa Damasceno Moreira
A crítica literária e a subjetividade do outro: a questão da alteridade.
Mundo hoje: oceano infinito, agitado por ondas turbilhonantes – fluxos variáveis sem totalização possível em territórios demarcáveis, sem fronteiras estáveis, em constantes rearranjos.
Suely RolnikSe caminhamos próximos a Compagnon ele nos diz que a Crítica plenamente subjetiva, tida no âmbito do gosto e do não gosto, nos obriga a cair num ceticismo da valoração, mas que uma tentativa de fundamentação e objetividade da mesma pode sobrevir num fracasso. Consideradas, obviamente, a importância da obra e do leitor nos dois pólos deste duelo de forças, bem como todo um percurso histórico de fatores intrínsecos e extrínsecos, pertinentes e não pertinentes à valoração literária, já percebidos pelos críticos, “a ilusão do valor” aos fins do século XX é ainda um problema teórico, mas incapaz de anular os percursos, não múltiplos, do cânone. De fato, este é um “limite da teoria, não da literatura”. Limitada ou não, a discussão acerca da subjetividade legitimadora, valorativa ou formadora do cânone, permanece aberta. Compagnon nos propõe uma ponderação do relativismo, solução plausível para o equilíbrio da balança, mas talvez insuficiente ao homem moderno, no seu desequilíbrio necessário.
No Brasil, uma discussão modernista acerca da subjetividade antropofágica, travada, entre outros, por Oswald de Andrade, é hoje, no atual cenário rizomático, uma abertura pertinente. Em 2005, no corpo do livro Razão Nômade, organizado por Daniel Lins, o texto “Subjetividade antropofágica” de Suely Rolnik retoma o movimento modernista no Brasil, e traz dele uma leitura que depõe contra a consciência histórica que impõe uma subjetividade institucionalizada, hierarquizante, de “baixa antropofagia” como disse Oswald, ou uma “subjetividade narcísica”, como diz Suely. Em detrimento desta subjetividade, hoje se fala numa subjetividade outra, impessoal, que não se vale dos