O novo imperialismo
David Harvey∗∗
Resumo:
Processos predatórios de desapossamento, com diversos recursos à violência, o que passa pela intervenção estatal, longe de se restringirem a um momento encerrado na pré-história do capitalismo, constituem, ao lado da reprodução ampliada, um dos eixos fundamentais da expansão deste modo de produção e seu exame é imprescindível para a compreensão do “novo imperialismo”.
Em a Acumulação de Capital, Luxemburg centra sua atenção no caráter dual da acumulação de capital:
“Um diz respeito ao mercado de mercadorias e ao lugar aonde o valor excedente é produzido – a fábrica, a mina, propriedade agrícola. Considerada sob esta luz, a acumulação é um processo puramente econômico, cuja fase mais importante se realiza entre os capitalistas e os trabalhadores assalariados... Aqui, na forma de qualquer valor, paz, propriedade e igualdade prevalecem, e a apurada dialética da análise científica é requisitada para revelar como o direito de propriedade se converte no curso da acumulação em apropriação de propriedade alheias, como a troca de mercadorias se transforma em exploração e a igualdade torna-se domínio de classe. O outro aspecto da acumulação de capital diz respeito às relações entre capitalismo e formas de produção não capitalistas, que se desenvolvem no cenário internacional. Seus métodos predominantes são a polícia colonial, um sistema de empréstimos internacional – política de interesses privados – e a guerra. Violência, fraude, opressão, roubo são abertamente revelados sem nenhum esforço para ocultá-los, e assim requerem um esforço para descobrir no meio desta confusão de políticas de violência e disputas de poder as severas leis do processo econômico”.
Assim, estes dois aspectos da acumulação são “organicamente vinculados” e “a evolução histórica do capitalismo somente pode ser compreendida se as estudamos conjuntamente” (Luxemburg, 1968: 452-3).
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