O mundo carolingio
Com a queda do Império Romano do Ocidente em 476, a Europa passou a conviver com uma lacuna no poder temporal, pois o poder político fora fragmentado pelos reinos bárbaros invasores ali instalados. Já a Igreja manteve intacto seu poder espiritual e ideológico. Conforme afirma Perry Anderson (2004, p. 89), a igreja cristã passou a ser a única ponte entre o mundo antigo e o mundo medieval, a Igreja tornou-se a única instituição da Antigüidade a manter-se intacta após a queda de Roma. Foi a Igreja que manteve a cultura e a lei romana preservada mesmo com a queda do Império. É importante que esta Igreja, como instituição, já caminha em direção à criação da Igreja Católica Apostólica Romana, pois nesta época como em nossos dias, esta Igreja tornara-se muito mais uma instituição política do que a verdadeira igreja surgida com os primeiros apóstolos em Jerusalém.
O crescente número de invasões bárbaras e o avanço dos árabes muçulmanos, fez com que a igreja medieval, agora temerosa com esses invasores, buscasse um novo sistema de governo capaz de reunificar a Europa ou de um novo chefe de Estado capaz de reavivar o Império Romano do Ocidente. Esta tentativa de unificação ainda esbarrava na falta de reis cristãos, pois as tribos que se instalavam na Europa eram em sua maioria pagãs ou convertidas à heresia cristã do arianismo.
As tribos germânicas que invadiram o Império Romano eram basicamente tribos rurais e patriarcais divididas em clãs de famílias. Não tinham noções de Estado. A base agrária era formada por camponeses livres e a terra era coletiva, com raríssimas exceções tinham escravos.
No século V, Clóvis I (481-511) unificou as tribos francas e instituiu o primeiro Estado dos Francos. A Igreja Romana viu nesta unificação a possibilidade de um aliado militar, já que Clóvis buscava sustentação ao seu governo e vê na igreja o poder ideológico que lhe faltava. Igreja e Clóvis aliam-se. A