O mulato

34° Encontro Anual da Anpocs
ST16: Intelectuais, cultura e democracia

O Mulato de Aluísio Azevedo: positivismo, anticlericalismo e República
Rodrigo Estramanho de Almeida

O Mulato de Aluísio Azevedo: positivismo, anticlericalismo e República1
Rodrigo Estramanho de Almeida*

Introdução
Este paper toma por objeto o romance O Mulato (1881) de Aluísio Azevedo
(1857-1913) e por objetivo o estudo dos pontos de contato da obra com algumas das ideologias políticas de fins do século XIX no Brasil, mormente o positivismo, o anticlericalismo e o republicanismo. Não obstante, o propósito é demonstrar que a idéia do livro nasceu, no Maranhão, em meio ao debate público travado entre a jovem intelectualidade e o clero. Nestes debates temas como escravidão, monarquia, bem como tradicionalismos da sociedade brasileira eram centrais. Na crítica da juventude anticlerical estes temas se entrelaçavam a uma ação política de viés republicano. Aluísio
Azevedo, neste contexto, foi mais que romancista, pois atuou politicamente ao lado destes jovens intelectuais, deixando impressa, em O Mulato, sua ideologia, bem como sua relação com a vida pública da época
Foi com a publicação de O Mulato em 1881 que Aluísio Azevedo se fez conhecer como escritor, pois o livro ganhou importância por ser classificado pela crítica como o primeiro romance de estética naturalista escrito no Brasil. Distanciando-se um pouco do que foi e ainda é corrente na opinião da crítica e investigando os fatos anteriores ao aparecimento de O Mulato é possível encontrar mais do que um escritor naturalista, pois foi Aluísio Azevedo um protagonista de fins do império a partir do qual uma rede de fatos e intelectuais podem ser estudados.
Ademais, dentro da narrativa de O Mulato, é possível reunir importantes pistas sobre o pensamento de Aluísio Azevedo, bem como verificar a sintonia de suas idéias com questões candentes e polêmicas de sua época, tais como a questão racial e o papel do clero na