O mito de sísifo em albert camus
39181 palavras
157 páginas
Albert Camus O MITO DE SÍSIFO (Ensaio sobre o Absurdo) Tradução e Apresentação de Mauro Gama, Editora Guanabara, 1989.Copyright by Éditions Gallimard, 1942 SUMÁRIO O mito e a realidade — Mauro GamaIntrodução à edição original. UM RACIOCÍNIO ABSURDO.O absurdo e o suicídio.Os muros absurdos.O suicídio filosófico.A liberdade absurda. O HOMEM ABSURDO.O donjuanismo.A comédia.A conquista. A CRIAÇÃO ABSURDA.Filosofia e romance.Kirílov.A criação sem amanhã. O MITO DE SÍSIFO. AnexoA ESPERANÇA E O ABSURDO NA OBRA DE FRANZ KAFKA. O MITO E A REALIDADEEntre as maiores manifestações da consciência crítica neste século, a presença de Camus é certamente uma das mais generosas. Sobretudo agora, no final do milênio, quando tantas das suas reflexões podem ser redescobertas como advertências ou ‘diagnósticos’ de espantosa acuidade e rigor intelectual. Não há como duvidar de que o homem dos nossos dias tem tudo para abrigar conflitos ainda mais intensos — e mais devastadores, ou mais fecundos — que os de todas as outras épocas. É certo que ele contou com enormes precursores, mestres que foram ao fundo do desenvolvimento moderno de suas emoções — e suas razões — como Nietzsche, Dostoiévski, Proust, Kierkegaard, Kafka (para só ficarmos em alguns dos nomes mais caros a Camus), e chega, hoje em dia, aos desdobramentos efetivos e consistentes das revoluções de Darwin, Marx, Freud, Einstein. Mas, até mesmo por isso tudo, ‘os homens presentes’, n’ “a vida presente”, estão ainda mais sós e dilacerados. Há uma busca desesperada — mas persistente — de novos valores. Como toda possibilidade dos sistemas mágicos ou metafísicos se encontra pulverizada, como só insiste ou resmunga nos desvãos do medo, nos laboratórios da psicopatologia ou em sinistros desvios de igreja e dissimulação, esse homem presente só pode contar consigo mesmo, seu cérebro, seus sentidos, suas mãos, seus meios. Daí o encontro — cada vez mais freqüente — com o absurdo. E face a face com a sua condição, esse homem tem muito