O MITO DE DEMOCRACIA RACIAL
Fábio Fernandes do Nascimento
“Não tenho nenhum compromisso com as minhas idéias, o meu compromisso é com a verdade.”
Anísio Teixeira.
Sumário: 1 Introdução. 2 O que é racismo? 3 A perda da identidade etnorracional. 4 Conclusões.
Referências.
Resumo: Este artigo tem como objetivo precípuo a desconstrução do mito da democracia racial que reina no Brasil atualmente. Nesta empreita vamos nos valer dos conceitos de mito, democracia e racismo no intuito de trazer luzes à discussão. O mito da democracia racial, em nossa perspectiva, é um dos maiores obstáculos à retomada da consciência negra e de seus valores etno-culturais IDENTIDADE. Este não permite que a população, como um todo, entenda a necessidade da aplicação de medidas afirmativas mais vigorosas na busca da extinção do apartheid social brasileiro
— estancar as feridas feitas no decorrer da história na identidade deste povo.
Palavras-chave: Democracia racial. Apartheid social. Racismo. Discriminação. Racismo velado.
Identidade etnorracial.
Áreas: Direito Constitucional. Ciência Política.
1 INTRODUÇÃO
Na pretensão de desnudar o mito da democracia racial disseminado em nossa cultura faz-se impreterível definir os termos MITO e DEMOCRACIA. Pois, apenas com a apreensão destes, estaremos aptos a avaliar a “democracia racial” brasileira.
O mito, em poucas e falhas palavras, é uma representação da realidade vivida e disseminada pela coletividade na tentativa de manter coesão social através da manutenção dos valores dominantes.
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Segundo Marilena Chaui1, “um mito opera com antinomias, tensões e contradições que não podem ser resolvidas sem uma profunda transformação da sociedade no seu todo e que por isso são transferidas para uma solução imaginária, que torna suportável e justificável a realidade. Em suma, o mito nega e justifica a realidade negada por ele”.
Desta forma, percebemos o mito como máscaras capazes de subverter a realidade e
adequá-la