O lucro da morte

Até na morte o ser humano tem a obrigação de gerar lucro. Quando se faz um transplante de órgão existe toda uma cadeia produtiva por trás, em todo o processo o dinheiro faz parte e move tudo. Levando-se em consideração que os únicos voluntários são a família do doador e o próprio doador, pergunta-se, o que impede que todos os outros que estão envolvidos no processo de doação não ofereçam seus serviços voluntariamente, sem ganhar nada. Mesmo depois de transplantado o paciente necessitará de toda uma estrutura médica para o manter vivo; isto novamente gerará toda uma cadeia produtiva onde novamente o dinheiro terá um papel importante, seja dinheiro público ou particular. Os remédios têm valores astronômicos. A doença que mais causa espanto e desespero na maioria daquele que recebem a notícia que a portam é o cancer. O cancer é um elemento que move milhões em dinheiro por paciente. Hospitais, médicos, remédios caríssimos, transporte de pacientes e etc.

Quando alguém pensa em desligar os aparelhos que mantem vivo algum ente querido, logo uma avalanche de críticas vêm ao seus ouvidos, mas curiosamente podemos concluir que o que mantêm as máquinas ligadas não é o poder de decisão do familiar, ou os interesses dos médicos em manter o seu paciente vivo, o que mantem as máquinas ligadas é o dinheiro. Nenhum hospital ou médico irá insistir com uma família que quer desligar as máquinas que mantem o seu parente vivo e não tem dinheiro. Quando a família do paciente tem dinheiro a direção do hospital pode pensar “ Que desperdícios, máquinas tão caras paradas enquanto uma pessoa que pode pagar não quer usa-la”, mas se a família do paciente não tem dinheiro podemos inferir o seguinte raciocínio da direção do mesmo hospital, “ Temos que resolver isto! Esta máquina é muito cara e este povo não pode pagar.”