O homem em sociedade na literatura
As obras aqui abordadas serão analisadas por meio de uma perspectiva que tentará demonstrar que tanto as Fábulas Clássicas quanto o Realismo Fantástico podem ter um cunho social, uma forma de crítica, ainda que estejam presentes situações que não fazem parte do nosso cotidiano.
Em nossa abordagem, faremos uma comparação entre obras cronologicamente distantes, mas bem próximas entre si ao focarem na inserção do homem na sociedade. Todas as obras literárias aqui expostas serão analisadas pelo ponto de vista social, ressaltando ainda mais a proximidade da literatura com a sociedade, conforme comenta Luiz Costa Lima:
A análise sociológica do discurso estuda as condições pelas quais se opera a transformação do fato literário em fator social. (...) a análise sociológica em geral se caracteriza pela abordagem das condições que mostram como o fato literário se constitui em instituição social. (LIMA, 2002, p.663)
Partiremos das Fábulas Clássicas, precursoras da abordagem social na literatura, e chegaremos até o Realismo Fantástico, que compõe as obras de Ignácio de Loyola Brandão e Franz Kafka, ilustrando de forma fantástica a realidade do meio social onde estamos inseridos, assim como as fábulas fizeram centenas de anos antes do nascimento dos autores em questão.
Por meio da literatura comparada faremos uma investigação sobre o cunho social, mais especificamente sobre a inserção do homem na sociedade, presente na literatura desde as Fábulas Clássicas de Esopo, datadas de aproximadamente o século VI a.C, passando por La Fontaine, por volta de 1640, até a obra Metamorfose (1912), de Franz Kafka e os contos O Homem Cuja Orelha Cresceu (1976) e O Homem com Furo na Mão (1976), de Ignácio de Loyola Brandão.
As Fábulas Clássicas, como sabemos, ilustram, através dos animais, atitudes humanas que levam o leitor a uma reflexão sobre suas próprias atitudes e, ainda, carregam uma crítica social nas entrelinhas. O mesmo ocorre com Kafka e Loyola, escritores que