O Holocausto Brasileiro
Através da obra de Daniela Arbex podemos submergir em um mundo totalmente desconhecido para a maioria de nós: O comércio da Loucura estabelecido em Barbacena – MG. É como horror e repugnância que vamos “devorando” as páginas deste livro e muitas vezes com um nó na garganta e lágrimas nos olhos constatamos até onde foi o descaso com esses paciente esquecidos pelo tempo e pela vida nesse verdadeiro depósito de pessoas – chamado Colônia. É estarrecedor saber que 60 mil pessoas morrem em outras tantas “perderam” suas vidas e a dignidade nesse lugar. De acordo com Jaccard (1979) a loucura depende da cultura em que se está inserido, ou seja, um comportamento pode ser considerado normal no Ocidente e considerado totalmente inadequado no Oriente. Dessa forma, observa-se a tênue linha entre o normal e o patológico, o que fazendo um contraponto com o Colônia é a mais pura realidade – muitos dos pacientes internados no Colônia eram mal diagnosticados, ou sequer tinham diagnóstico. Citando Jaccard (1979, p.16) “os loucos não são mais considerados como possuídos pelo demônio, mas como pessoas perigosas ou improdutivas, tal como os criminosos, os debochados e os miseráveis que subsistem graças à mendicância; por essa razão serão excluídos da sociedade e internados com as outras categorias, e por vezes nos mesmos lugares”. Referendando-se em Jaccard (1979) em meados do sec. XVII – o mundo da loucura transformou-se no mundo da exclusão. Surgem os hospitais gerais – sem nenhuma especialização médica e recebem além de loucos, toda uma série de indivíduos diferentes entre si, são mendigos, pobres, inválidos, libertinos, portadores de moléstias venéreas, vagabundos, etc. O hospital Colônia não fugiu à regra, muitos dos pacientes não eram portadores de doença mental – alguns eram apenas epilépticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, outras estavam confinados simplesmente porque os maridos as queriam longe de casa, outras incautas perderam a