O futuro dos formigueiros
Willian Vieira - 02/10/2012
Enquanto algumas metrópoles ficam mais inteligentes e conectadas, outras parecem caminhar para o caos
Até 2025, estima a ONU, o número de cidades com mais de 10 milhões de habitantes pulará de 24 para 37
DO ALTO DOS 103 andares do Guangzhou International Finance Centre, um arranha-céu de 404 metros de vidro e aço, vê-se a vastidão do crescimento econômico chinês cristalizado na forma simbólica da metrópole. Nascida às margens do Rio Pérola como centro comercial e financeiro do delta que banha a província de Cantão, uma das regiões mais densamente povoadas do planeta, Guangzhou já é uma das cinco maiores áreas metropolitanas do país. O que seus 11,7 milhões de moradores esperam agora, orgulhosos, é que a cidade se torne a maior megalópole do mundo,com 42 milhões de habitantes, segundo anunciou o felicíssimo prefeito local.
Para interconectar a área às cidades de Shenzhen (8,8 milhões habitantes), Foshan (5,4 milhões), Dongguan (6,4 milhões), Zhongshan (2,4 milhões), Zhuhai (1,5 milhão), Jiangmen (3,8 milhões), Huizhou (3,9 milhões) e Zhaoqing (3,9 milhões), 29 novas linhas de trem permitirão trajetos de até uma hora de ponta a ponta. Serviços de telefone, água e energia serão unificados. Cerca de 150 projetos de infraestrutura devem ser instalados nas áreas ainda não urbanizadas ao custo de 300 bilhões de dólares em dez anos e fundir seus centros urbanos num imenso conglomerado econômico e social.
O caso da China, porém, é singular. Oficialmente, ainda existe o sistema nacional de registro, que impede a migração entre regiões. Após décadas preocupado em manter a população no campo para produzir grãos e evitar o caos nas metrópoles, o governo concentra agora em planos para construir aglomerados em torno de polos regionais. A megalópole é a saída mais rápida para urbanizar regiões pobres e evitar tensões étnicas. Bastam obras megalomaníacas e o governo consegue coibir migrações para o leste: a