O FUTURO DE UMA ILUSÃO
(Dennis de Oliveira Santos)
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O Futuro de uma Ilusão
Dennis de Oliveira Santos
Freud em seu livro ?O Futuro de Uma Ilusão?, desenvolveu um ensaio em fundamentos psicanalíticos frente à questão da necessidade da religião para o homem e toda sua civilização.
O pai da psicanálise descreve a religião como uma necessidade humana que se vincula ao estado infantil de desamparo e à nostalgia do pai suscitado por tal necessidade. O Deus justo e a natureza benevolente são as mais nobres sublimações de nosso complexo paternal, pois, o homem, na impossibilidade de imaginar um mundo sem pais, cria falsificações da imagem do universo no qual se sente desprotegido.
O anseio pela proteção de um pai supra-sumo (Deus) é uma função que visa exorcizar os terrores da natureza, amenizar as dores humanas frente ao tenaz destino (medo da morte, etc) e compensá-lo das privações e sofrimentos que são impostos pelo mundo civilizado. Sinais que demonstram que a religião reside na necessidade mais intensa do ser humano ? a proteção de um pai.
Porém, o anti-humanista europeu deduziu que toda esta ilusão religiosa estaria destinada ao abandono. Pois, futuramente, a civilização seria capaz de renunciar todas as ilusões, substituindo-as por outro corpo doutrinário (a ciência). Esta expectativa partia do pressuposto de que os homens seriam capazes de tornarem suas existências mais toleráveis na Terra; porque a religião possui apenas valor sentimental, é incapaz de correções, é provinda de um delírio humano e que esta neurose da infância poderia muito bem ser superada pela humanidade. A religião já era uma causa perdida da sociedade.
Neste contexto, a primazia do intelecto (a ciência) atenderia os desejos humanos que lhe atormentam e estabeleceria no próprio homem os objetivos que antes eram realizados na crença de um deus. O desenvolvimento das concepções científicas alcançaria um maior grau de conhecimento do mundo, o que