O Futuro da Natureza Humana. Habermas
480 palavras
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Em 2001, no livro O Futuro da Natureza Humana. Habermas, avalia alguns usos possíveis da Engenharia genética nas escolhas reprodutivas humanas, a cura de doenças identificadas no screening genético do embrião e a escolha deliberada de traços desejáveis pelos progenitores. A fim de discriminar os casos permitidos daqueles não permitidos, ele recorre ao que denomina de ética da espécie [Gattungsethik], que inexistem critérios normativos em nossa moral convencional capazes de avaliar adequadamente os casos difíceis suscitados pela biotecnologia moderna aplicada à Medicina reprodutiva. Habermas acredita que a eugenia liberal, principalmente a eugenia positiva, causa graves danos a nossa autocompreensão normativa moderna - em outras palavras, a nossa moral convencional. A responsabilidade, imputabilidade e simetria nas relações entre os membros da comunidade moral são afetadas. Segundo o filósofo, a eugenia positiva cria uma relação assimétrica entre a prole e seus progenitores. Quanto à responsabilidade, ele acredita que os indivíduos resultantes de intervenções eugênicas positivas seriam incapazes de compreender-se como autores indivisos de seu projeto racional de vida. Essa intromissão na determinação no projeto racional de vida de outra pessoa consistiria num tipo de violação da liberdade ética ou a de escolher a maneira de buscar a própria felicidade, garantida pelas constituições liberais e democráticas. Para ele, o uso da Engenharia genética, que supera a lógica da cura de doenças (que supera o que ele denomina eugenia negativa) e adentra no campo do aperfeiçoamento genético (a eugenia positiva), é não permissível da perspectiva de uma ética da espécie por afetar os pressupostos normativos de nossa autocompreensão moderna. A Engenharia genética afeta os limites entre liberdade e natureza, ampliando o espaço de intervenção humana nos elementos que ocupam papel relevante na formação da identidade da espécie humana como um todo e dos indivíduos particulares.