o fim do poder
O fim do poder, na visão de Moisés Naim
"O poder — a capacidade de conseguir que os outros façam ou deixem de fazer algo
— está passando por uma transformação histórica. Ele está se dispersando cada vez mais, e os tradicionais atores (governos, exércitos, empresas e sindicatos) são confrontados com novos e surpreendentes rivais — alguns muito menores em tamanho e recursos.
Costumamos interpretar mal ou até ignorar a magnitude, a natureza e as consequências da profunda transformação que o poder está sofrendo nos tempos atuais. É tentador focar apenas no impacto da internet e das novas tecnologias de comunicação. Sabemos que o poder está passando daqueles que têm mais força bruta para os que têm mais conhecimentos, dos países do norte para os do sul e do Ocidente para o
Oriente, dos velhos gigantes corporativos para as empresas mais jovens e ágeis, dos ditadores aferrados ao poder para o povo que protesta nas praças e nas ruas.
Mas dizer que o poder está indo de um país para o outro ou que está se dispersando pelos novos atores não é suficiente. Enquanto estados, empresas, partidos políticos e movimentos sociais brigam pelo poder — como sempre fizeram —, ele em si perde eficiência. Em poucas palavras, o poder não é mais o que era.
No século 21, o poder é mais fácil de obter, mais difícil de utilizar e mais fácil de perder.
Das salas de diretoria ao ciberespaço, a luta pela capacidade de influenciar é tão intensa quanto antes, mas produz cada vez menos resultados. Isso não quer dizer que o poder tenha desaparecido.
Os presidentes dos Estados Unidos e da China, os presidentes do banco JP Morgan, da petroleira Shell e da empresa de tecnologia Microsoft, a diretora do jornal The New
York Times, a diretora do Fundo Monetário Internacional e o papa continuam poderosos. Mas bem menos do que seus predecessores.
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