"O fim de uma etapa" Argumentação contra a morte da arte
No terreno das artes plásticas, estamos vivendo o fim de uma etapa. É sempre arriscado fazer afirmações drásticas quando se discutem os problemas da arte contemporânea, e essa é a razão por que pretendo colocar aqui este rema como uma proposta para discussão. De qualquer modo, até onde minha vista alcança, percebo que chegamos a um momento crucial, caracterizado pela exaustão do experimentalismo formal. Parece manifestar-se um cansaço com respeito aos manifestos que ao longo das décadas, anunciavam a cada momento a descoberta de um novo sentido para a arte ou trançavam o único rumo possível para expressar a plástica ou pictoricamente a época moderna.
Essa exaustão decorre naturalmente do esgotamento das propostas feitas, mas também das mudanças verificadas na sociedade ocidental e naturalmente nos seus valores culturais. Uma coisa está ligada a outra, e não seria simplificar demasiado dizer que o processo da arte contemporânea expressou no fundamental, a crise do sistema social e a situação nova criada para o artista dentro desse quadro. No curso deste século, uma quantidade assombrosa de movimentos artísticos surgiu e desapareceu, a maioria sem deixar marca, mas quase todos eles movidos pela necessidade de dar uma resposta às questões que a época ia colocando diante de cada geração de artistas. Muitas vezes esses movimentos se apresentavam como antagônicos aos que lhes tinham precedido, outras vezes como algo inusitado, espécie de erupção não condicionada por qualquer fator determinável. Não obstante, passado o tempo, a visão retrospectiva nos permite verificar que os antagonismos como a originalidade eram mais aparentes que verdadeiros: e que por baixo da aparência todos esses movimentos davam curso a um processo essencialmente coerente: a destruição da linguagem artística herdada e a busca de uma nova linguagem.
Mas a diversificação que aparecia na superfície não era gratuita nem irrelevante. Ela exprimia o momento, as condições