O FILME “CISNE NEGRO” – UMA INTERPRETAÇÃO PSICOLÓGICA
Prof. Herberto Edson Maia, Médico Psiquiatra
Fiquei bastante impressionado com o filme que basicamente trata da batalha quase diária de crescer em contato com as dificuldades da vida. É uma bailarina que tem uma enorme ambição de ser a estrela principal de um dos mais famosos balés da dança clássica o “Lago dos Cisnes”.
No começo vemos uma luta constante da bailarina para chegar à perfeição deixando de lado qualquer outra preocupação e só pensando em se aperfeiçoar mais e mais ensaiando em todos os tempos possíveis e quase que só parando para dormir. Nesta empreitada ela é acompanhada o tempo todo pela mãe, que também foi bailarina e deixou a carreira quando ficou grávida da filha com 28 anos.
À medida que o filme se desenvolve, começam a aparecer condutas obsessivas no comportamento da bailarina, como em quase todas as pessoas que buscam a perfeição. No caso dela, uma necessidade de se coçar que leva ao sangramento num lugar um tanto insólito: a altura da omoplata direita. Em outras vezes, junto às cutículas das unhas, levando sempre ao sangramento. Durante os ensaios, além dos professores há a figura do professor mor, aquele que dá a aprovação final para aquela que será a estrela principal.
Este, por sua vez, começa a notar cada vez mais que a bailarina tem as condições necessárias para encarnar o papel central. Entretanto, à medida que ela se desenvolve na técnica, ele começa a notar que falta a esta a sensualidade necessária para seduzir o príncipe durante o balé.
Neste momento, além de ensinar-lhe a técnica, ele necessita despertar-lhe, de alguma forma, a sensualidade adormecida na dança, traduzida como uma falta de integração. Ou seja, na exclusiva perfeição técnica transparece uma frieza e uma distância do papel a ser representado.
No palco a bailarina principal tem que transmitir além da perfeição técnica, o “calor sedutor” do amor pelo príncipe e mais do que isso, o ódio desencadeado ao ser