O fato inicia a teoria
Um fato novo, uma descoberta, pode provocar o intuito de uma nova teoria. Ao longo da história, podemos tomar conhecimento de indivíduos que observaram e, a seguir, descreveram fatos, muitas vezes encontrados ao acaso e, com isso, produziram teorias importantes. Talvez o caso mais famoso, e um dos mais antigos, é o de Arqui-medes: posto perante o problema de como determinar o peso específico dos corpos, percebeu, ao se banhar, que seus membros, mergulhados na água, perdiam parte de seu peso; este fato conduziu a um dos princípios da Hidrostática, segundo o qual, "todo corpo mergulhado num fluido sofre da parte deste uma pressão vertical de baixo para cima, igual ao peso do volume de fluido que desloca". Por sua vez, Galileu, observando as oscilações de uma lâmpada, suspensa na abóbada da catedral de Pisa, verificou que ela
. balançava de um lado para outro em tempo igual, enunciando a lei do isocronismo. E, assim, outros exemplos podem ser citados: a verificação acidental de que o Penicillium fungos inibe o crescimento das bactérias; de que a extirpação do pâncreas do cão é acompanhada por sintomas de diabete; de que o elemento rádio impressiona um filme fotográfico, mesmo que este esteja protegido por material opaco; de que, na linguagem falada, muitos erros de leitura e de percepção não são acidentais, mas têm causas profundas e sistemáticas. Todos estes fatos observados originaram enunciados de leis e teorias significativas nos diversos ramos da Ciência.
Entretanto, retomando o último exemplo, muito antes de Freud elaborar uma teoria sobre o fato, muitas pessoas tinham conhecimento de que os lapsos de linguagem e os erros eram causados por outros fatores e não por acidente. Dessa forma, devemos concluir que os fatos não falam por si; é necessário que o observador ou pesquisador vá mais além, procurando explicar os fatos e suas correlações, para que os mesmos sirvam de base objetiva para a construção de uma