O estúpido sonho democrático
Falar em Democracia é algo comum e rotineiro em nossas vidas. Somos sempre convidados a opinar sobre o assunto, dizer o que achamos e por que achamos. Já sabemos de cor o que irão dizer e já temos sempre respostas prontas para quase tudo que envolve esse debate. Afinal, quem nunca ouviu alguém dizer: “o Brasil é um país democrático, não acha?” Ou se não, ouvimos os mais “rebeldes” afirmarem com veemência: “não existe democracia nesse País, só a revolução o salvará”. Creio que já estejamos cheios dessa lengalenga em torno desse tema.
Mas, por um lado, os que não acreditam em uma Democracia Brasileira parecem ser menos estúpidos do que aqueles que juram de pé junto que acreditam.
A Democracia Brasileira não passa de uma lenda, passada ao longo dos tempos de pai para filho e de livros para livros. No Brasil, tudo se pode. Tudo mesmo.
Ver algum engravatado falar que vivemos em um País democrático, e que as instituições públicas existem para cuidar do cidadão, que o estado dotado de leis e normas existe para assegurar o bem estar social de todos, é profundamente cômico e revoltante.
Que democracia é essa, onde o eleitor vende seu voto por um tênis, uma roupa, um pneu de moto, um passeio de carro patrocinado pelo candidato? Que democracia é essa que uma família troca seu voto por um ou dois empregos, ou se não, troca por 300, 400, 500 reais? Que democracia é essa que um candidato mesmo tendo seu nome envolvido em escândalos e denuncias, ainda pode estar apto a disputar uma campanha? Que democracia é essa que vive refém de uma mídia sensacionalista e corrupta, pronta para a qualquer momento, disparar todo o seu veneno cuidadosamente editado contra qualquer um que não atenda seus interesses? Que democracia é essa, meu amigo?
Não me venha com meias palavras arrumadinhas tentar tampar o sol com uma peneira.
A professora e filosofa Marilena Chauí, fazendo uma reflexão sobre Democracia, em seu livro “Convite a Filosofia”, resume muito bem