O estudo universitario
“Na consideração do problema da Universidade, no Brasil, destaca-se, em primeiro lugar, o aspecto de privilégios em que se constitui o ensino superior, alcançando parcela ínfima dos jovens; em segundo lugar, aparece o traço de provirem da burguesia e da pequena burguesia aqueles privilegiados; vem em terceiro lugar e nisso não entra a gradação de importância, o fato de que o desenvolvimento das relações capitalistas pressiona no sentido do aumento quantitativo e de melhoria qualitativa daqueles que podem receber o ensino superior. No que diz respeito ao primeiro aspecto, o do privilégio, embora comece a repontar na consciência dos próprios beneficiados, não se coloca como objeto de polêmica: a sociedade brasileira entende a existência do privilégio, mas tem consciência de que, para eliminá-lo, seria preciso alterar sua estrutura e não tem condições atuais para isso.
Quanto ao traço de origem dos universitários, há que constatar a crescente importância da pequena burguesia no processo histórico, e mesmo de elementos da burguesia; desde muito, a camada média, em países do tipo do Brasil, passou a ter participação crescente nos movimentos de avanço, a mudança da correlação de forças no mundo faz com que a pequena burguesia, nessas condições, volte-se para as mudanças; quaisquer que sejam suas deficiências de classe – as de origem e as de função ou posição – a pequena burguesia, particularmente pelas peculiaridades de alguns de seus grupos especiais – os estudantes com destaque – vai tendo papel importante nas mudanças da presente etapa histórica; tudo isso aparece no problema da Universidade. A crescente demanda social, por outro lado, como componente em tal problema, apresenta seu aspecto quantitativo em correspondência com o crescimento demográfico e a preponderância absoluta dos jovens na composição etária da população, e seu aspecto qualitativo na complexidade que apresenta hoje a divisão do trabalho em nosso