estranhos no ninho:um estudo da trajetoria de surdos universitarios
I - RESUMO
Considerando o número relativamente pequeno de alunos surdos que freqüentam o Ensino
Superior, esta pesquisa objetiva conhecer as experiências destes alunos e as suas condições nesse nível de ensino em algumas universidades brasileiras, tanto no setor público quanto no privado.
Por meio de levantamentos feitos com auxílio da literatura especializada, constatei que a trajetória dos surdos em Cursos Superiores no Brasil sempre foi repleta de dificuldades, barreiras, discriminações devido às políticas sócio-lingüístico-educacionais das Instituições de Ensino
Superior apesar de poder contar com o apoio dos colegas e alguns professores, ainda sente-se a falta de alicerce para se ter uma educação plena, ao levar-se em conta a especificação da individualidade do sujeito como pessoa surda.
As dificuldades enfrentadas pelos surdos universitários se encontram enraizadas frente à concepção ouvintista, a de que os surdos são tratados como se fossem ouvintes.
Ninguém se oporia à afirmativa de que todo cidadão tem direito à educação, inclusive os portadores de necessidades especiais, entretanto, algumas pessoas têm concepção errônea de que os surdos, uma vez inseridos nos “patamares” dos Cursos Superiores, já têm garantia de educação. Durante o transcurso da minha pesquisa, quando entrevistei alguns professores universitários dos alunos surdos, encontrei crenças como : ficar na primeira fila, prestar atenção na fala do professor, comentários tais como : “Se tirar boas notas , já está bom...” “É só se esforçar para
“superar” os ouvintes,etc, foram alguns exemplos de concepções errôneas que se têm da educação dos surdos.
Visando obter um retrato o mais próximo possível da realidade atual do surdo universitário brasileiro, convidei a participarem da minha pesquisa trinta e sete surdos universitários, na faixa entre 22 e 37 anos, sendo trinta e três do sexo masculino e quatro do sexo feminino. Os dados foram obtidos num período de seis meses,