O espírito da dádiva - Godbout
A obra intitulada “O espírito da dádiva, "Introdução" e "A dádiva entre estranhos (capítulo 4)” de Jacques T. Godbout, descreve a construção das relações humanas e o comportamento humano concernentes aos três momentos da dádiva: dar, receber e retribuir. Na introdução, o autor apresenta ao leitor a dádiva e suas variadas formas nas diferentes esferas da moderna sociedade liberal. Essa obra nos convida a refletir sobre como a dádiva circula entre bens a serviço dos vínculos sociais, constituindo para o autor um elemento essencial a toda sociedade.
Godbout enfatiza que o homem moderno obedece ao princípio da realidade, possui interesses materiais e este enuncia o enfrentamento de uma dura realidade, que somente a matéria, o corpo e o jogo de interesses existem realmente. O resto não passa de "invenção do espírito, de miragens ou tentações" (pg. 11). Em relação à dádiva, é vista como uma metáfora, sonha-se com ela apenas no sentido figurado.
Na perspectiva do autor, a dádiva não existe mais ou então ela é apenas uma forma de fingimento, de simulação da gratuidade e onde predominam, como em toda parte, apenas o interesse material e a igualdade de valor. Aspectos como a generosidade e a inocência sumiram, não é mais possível, a não ser em forma de ironia. As relações entre as pessoas são regidas essencialmente pelo interesse egoísta.
Entretanto, o autor revela que a dádiva existe sim, assim como o altruísmo, e a primeira está em toda parte. A dádiva é observada por todos o lados, onde há laços de relações sociais. Porém, sob certos aspectos, essas ilustrações da realidade da dádiva são quase belas demais. A verdadeira dádiva deveria ser gratuita, mas como a gratuidade é impossível, a dádiva, a verdadeira, é igualmente impossível.
Na visão do autor, a dádiva é tão moderna e contemporânea quanto característica das sociedades primitivas; as