o engajamento, a angústia e o existencialismo é humanismo para Sartre
Sartre, contra a heteronímia literária do realismo socialista e a primária estética do surrealismo, radicaliza o engajamento, definido como o encontro entre duas liberdades (autor e leitor) e escritura para dois públicos, um real, contra quem o escritor escreve, e outro virtual, o que o escritor gostaria de ter. Doravante, a autonomia da “pura literatura” ou a arte póla arte não se poderia exercer inocentemente. Para ele, “o escritor engajado sabe que a palavra é assim: sabe que revelar é mudar (...). Sabe que as palavras (...) são pistolas carregadas”.
Angustia
Dessa liberdade, entretanto, deriva a angústia. Reconhecendo-se livre, o indivíduo dá-se conta de que não apenas escolhe para si, mas também para toda humanidade. O indivíduo se angustia porque, desamparado, ou seja, sem orientação ou alguma escala de valores por assim dizer universal, precisa escolher sua vida, seu destino, o que suscita escolher também para os outros. A angústia de liberdade é a angústia de escolher. O homem se angustia porque se vê compelido a fazer a escolha. Fazê-la, por sua vez, implica ser responsável por suas consequências. O indivíduo busca refugiar-se, então, de sua própria liberdade, tentando evitar a angústia de sua condição de ser livre. Refugia-se na má-fé, com o intuito de escapar à consciência dessa condição.
O existencialismo é humanismo
Sartre afirma que o existencialismo é uma doutrina que torna a vida humana possível e que, por outro lado, declara que toda a verdade e toda a ação implicam um meio e uma subjetividade humana. Há duas espécies de existencialistas, aqueles que se declaram cristãos e, por outro lado, aqueles que se declaram ateus, que tem em comum o princípio que, como diria o própria Sartre, “a existência precede a essência, ou, se quiser, que temos de partir da própria subjetividade.” O que deve se entender por isso, é que não somos a priori um projeto pensado, mas que somos apenas a posteriori, isso quer dizer, que primeiro existimos e