O dever do advogado
1. Ambientação social e política da época
O Brasil da primeira década do século XX vivia a política do “café com leite”, revezamento do poder nacional executada por presidentes civis dos estados de São Paulo (mais poderoso economicamente, principalmente devido à produção de café) e Minas Gerais (maior pólo eleitoral do país da época e produtor de leite), que controlavam as eleições e tinham o apoio da elite agrária de outros estados do Brasil.
A indicação do Marechal Hermes da Fonseca, Ministro da Guerra, para a sucessão do presidente Nilo Peçanha, em 1910, passou por acontecimentos que causaram a ruptura da aliança entre paulistas e mineiros. Surge então a campanha civilista, assim denominada por defender a candidatura de um civil em oposição à de um militar, e tinha como candidato Rui Barbosa.
Rui Barbosa percorreu o Brasil, realizando discursos e comícios, em busca de apoio popular, denunciado a máquina política montada na República, que impunha nomes, controlava a votação e fraudava as atas, tudo para garantir a eleição de seu escolhido. Este fato era, até então, inédito na vida republicana brasileira e fazia desta a primeira campanha presidencial moderna realizada no país. Porém, mesmo o civilismo tendo alcançado tamanha mobilização, não foi surpresa que Hermes da Fonseca tenha se elegido presidente, em um processo eleitoral viciado e suspeito, causando a revolta e a indignação da população e principalmente dos seguidores mais próximos de Rui Barbosa.
2. Prefácio
Evaristo de Morais Filho faz uma introdução explicando a causa da consulta de Evaristo de Morais a seu mestre Rui Barbosa, um crime passional acontecido em 14 de outubro de 1911, que tinha como vítima o capitão-de-fragata Luís Lopes da Cruz, que havia sido abandonado por sua esposa, e, como principal acusado, tido como mandante do crime, praticado por Quincas Bombeiro e João da Estiva, o médico e intendente municipal, Dr. José Mendes Tavares, a quem a vítima havia