O Destino Do Jornal
Lourival Sant’Anna
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No início da década de 2000, os três principais jornais brasileiros – O Globo, O
Estado de São Paulo e Folha de São Paulo – sofreram expressivas quedas na circulação.
Em meados da mesma década, a circulação voltou a crescer. Oscilações conjunturais à parte, parece improvável que os grandes jornais voltem a alcançar, algum dia, os recordes registrados em meados dos anos 1990 (quando as edições dominicais da Folha ultrapassavam o milhão de exemplares), impulsionados, é verdade, por agressivas políticas de concessão de brindes, que ficaram conhecidos como ―anabolizantes‖.
A situação dos três grandes jornais brasileiros espelha uma tendência tanto no âmbito nacional quanto no internacional. A circulação total dos jornais brasileiros também caiu entre 2000 e 2004, recuperando-se a partir de 2005. O aumento de meados da década, no entanto, não acompanhou o crescimento da população, e o número de exemplares por mil adultos continuou em queda. Esse índice também está caindo na maioria dos países em que a informação está disponível para a Associação Mundial de Jornais.
Os dados indicam que não só menos pessoas estão lendo jornais, como também que o fazem por menos tempo – tanto no Brasil quanto em muitos países desenvolvidos. A queda da circulação, do número de leitores e do tempo de leitura dos jornais coincide com o período de acirramento da concorrência de outros meios de informação, como a
Internet, as TVs por assinatura, as emissoras de rádio noticiosas e até mesmo as revistas semanais informativas. Todos esses meios disputam com os jornais não só a atenção da audiência, mas também as verbas publicitárias — ambos, recursos finitos.
O faturamento bruto somado de todos os jornais brasileiros caiu entre 2000 e 2003.
De 2003 para 2004, ele aumentou, mas aumentou menos do que para as emissoras de
TV, os sites na Internet e as emissoras de rádio. Apenas as revistas tiveram desempenho pior que os jornais.
O aumento da concorrência e