O descentramento do homem moderno
Aurélio Alves Ferreira1
Este breve ensaio tem como objetivo apresentar e discutir as questões que considero centrais para compreendermos o modo como foi formado, formatado, engendrado o mundo moderno. Mais exatamente o modo como o homem passou, a partir desse período, a entender-se a si mesmo e conseqüentemente o mundo que o envolve. Nesse caso, tomamos como referência, para a condução desse caminho a abordagem efetivada por Ernst Cassirer, em seu livro: Ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da cultura humana, assim como tomamos também como referência o livro: O grau zero do conhecimento: o problema da fundamentação das ciências humanas, de Ivan Domingues, onde ele apresenta a modernidade e por conseqüência, o que nomeia como os descentramentos do homem moderno. Nossa tentativa é percorrer o caminho traçado por esses dois autores, no que se refere à modernidade e aos principais filósofos dessa época, uma vez que nossa busca primordial é tornar claro aquilo que a leitura direta dos textos acima referenciados não foi possível. Nesse caso, é preciso ainda esclarecer que se trata de um texto ainda em construção, pois é oriundo de notas decorrentes das aulas de Filosofia II, ministradas na PUC Minas, e pode ser alterado à medida que novas leituras forem realizadas, juntamente com as críticas e sugestões posteriores.
De acordo com Domingues,
A modernidade é a época em que a alma se retira do mundo das coisas e recolhe-se no mundo dos homens, bem como a época em que os homens se acreditam suficientemente fortes e poderosos, qual um novo Prometeu, se não para elevarem-se contra a divindade e se imporem aos deuses, ao menos para prescindirem de sua proteção e dispensarem seus serviços. (DOMINGUES, 1999, p. 32).
Essa época, que foi e continua sendo concebida por muitos filósofos como moderna, tem como marca preponderante a insaciável e incansável busca pelo desvendamento da natureza, pela superação das explicações