O Cânone literário e a escola
Resumo
O presente artigo busca dialogar com o status do cânone e da importância da manutenção de sua aura legitimada como grande literatura. A escola, diante da necessidade de trabalhar os cânones com finalidade unitária e tempo determinado para o entendimento estético que toda obra clássica demanda, tem, através de escolhas, definido o que a juventude pode e deve ler. É objetivo deste artigo, observar como a representação desta escola enquanto mediadora entre literatura e sociedade, e como a instituição que molda o cânone torna transparente a responsabilidade de ensinar a ler e a gostar de literatura e não apenas o que se deve dizer sobre livros e autores. Leituras de textos selecionados de Harold Bloom e Ítalo Calvino norteiam as exposições dessa pesquisa, assim como a autora Ana Maria Mão-de-Ferro Martinho em seu livro Cânones Literários e Educação, na defesa da leitura do cânone com o olhar de despertar a reflexão sobre o que é texto literário e a qualidade estética nele depositada para formar leitores desta arte.
Palavras-chave: Cânone, escola, leitor.
Introdução
Segundo Ana Maria Mão-de-Ferro (2001:3), o termo cânon deriva do vocábulo grego antigo e designava uma espécie de vara com funções de instrumento de medida. A evolução de seu significado como regra a aplica, deu-se mais tarde, e neste sentido passa a veicular o discurso normativo e dominante num determinado contexto: o eclesiástico. Posteriormente, o conceito evoluiu com o processo de secularização da cultura filtrado para a modernidade ao refletir a preocupação sobre as características estilísticas, literárias e pragmáticas das fontes escriturais, (Ana Maria.2001:5). Assim, por essa representação de escrita exemplar, vem a ser aplicado gradualmente à literatura expressões como clássicos ou obras-primas. Um cânone