O demônio da teoria (1999), de Antoine Compagnon: a teoria literária e suas interferências na literatura contemporânea
Antoine Compagnon inicia seu livro O demônio da teoria situando um panorama referente à atuação metodológica da teoria literária. Segundo o teórico francês, até a década de 1970 – não muitas décadas após o surgimento destes estudos – a teoria literária se encontrava numa espécie de boom, isto é, em um momento próspero que causava um imenso atrativo sobre os jovens estudantes. Após este período, houve uma institucionalização da teoria literária, de forma que estes estudos se transformassem em disciplinas nas universidades européias. Compagnon valida negativamente esta institucionalização, afirmando que teria acarretado numa concepção da teoria literária como mera técnica pedagógica, além de uma estagnação no destino escolar de toda a teoria. Na escola, por exemplo, a poética e a narratologia são apreendidos como instrumentos suficientes para explicar o verso e a prosa. O autor, nega não apenas a teoria literária reduzida a uma técnica pedagógica, como também a teoria como uma metafísica ou uma mística, pois o interessante da teoria literária seria o combate feroz e vivificante que empreende contra as ideias preconcebidas dos estudos literários, e pela resistência igualmente determinada que as ideias preconcebidas lhe opõem. (COMPAGNON, 1999, p.16) A fatalidade da teoria literária seria, então, ter sido transformada em método pela instituição acadêmica. Entretanto, tanto a abordagem acadêmica da teoria literária quanto aquela existente antes da década de 1970 baseavam suas argumentações com base na seguinte pergunta: “O que é literatura?”. Dessa forma, o autor passará a se questionar a possibilidade de se fazer um mapa, um balanço das diferentes perspectivas da teoria literária, examinando, através das diferentes perspectivas da teoria literária, aquelas mais resistentes, em que “se pode construir uma apresentação