o custo de uma greve
Paralisação de professores de 57 universidades dura três meses e perda aos cofres públicos já soma R$ 3,7 milhões
Entre as várias categorias de servidores públicos em greve, no primeiro teste da relação da presidenta Dilma Rousseff com os movimentos sindicais, uma chama a atenção pela dificuldade de o governo chegar a um acordo. A paralisação de professores de 57 universidades e três institutos federais completou três meses na sexta-feira 17, rachou o movimento, obrigou o governo a apresentar duas propostas diferentes, mas avançou mais uma semana sem um sinal claro de volta às aulas. Embora os prejuízos econômicos neste caso não sejam tão facilmente computados, como o que ocorre com o bloqueio de exportações, causado por outras categorias paradas –, o Ministério da Educação contabiliza perda de R$ 3,7 milhões aos cofres públicos. O prejuízo é correspondente aos custos para manter as estruturas de ensino sem o devido uso.
As perdas poderiam ter sido evitadas. Os professores universitários foram os primeiros a receber uma proposta de acordo concreta do governo, em meados de julho. Em três anos, os professores receberiam R$ 3,9 bilhões em reajustes que beneficiariam, sobretudo, os doutores com dedicação exclusiva. Pressionado, o Ministério do Planejamento apresentou uma segunda proposta dias depois, ao custo de R$ 4,2 bilhões até 2015. E disse, mais uma vez, ter chegado ao limite da negociação. Mas a maioria dos professores rejeitou a proposta do Ministério do Planejamento. O governo ofereceu um reajuste de 25% no piso, para os próximos três anos, podendo chegar a 45% para professores com doutorado e dedicação exclusiva em 2015. A Andes quer pelo menos 30% a mais do que o governo oferece. Se aceita, a proposta custaria R$ 10 bilhões aos cofres públicos nos próximos três anos. “Não conheço nenhuma outra categoria que tenha proposta semelhante nesse quadro de crise internacional”, avalia o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, mais preocupado em