O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON

O filme “O Curioso Caso de Benjamin Button” é uma belíssima adaptação da obra de mesmo nome, um conto de 1920, do premiado escritor americano Francis Scott Fitzgerald. Mais do que isso, o filme transforma o conto original, que é uma peça literária de humor, em uma delicada e equilibrada mistura de drama, humor e aventura.
A trama conta a história de um homem que vem ao mundo em circunstâncias totalmente incomuns, porque nasce velho, com oitenta anos, aproximadamente, às portas da morte e doente. E, ao longo da vida, vai rejuvenescendo a cada dia, numa dramática e fantástica inversão do ciclo da vida.
Essa estranha história que o filme mostra com uma técnica perfeita, começa na Nova Orleans do final da I Guerra Mundial e passa para o século XXI, registrando eventos históricos como, por exemplo, a II Guerra Mundial, o movimento beatnick e, posteriormente, o furacão Katrina.
Nesse ambiente, e numa trama muito bem elaborada que envolve o protagonista da história nessa sucessão de fatos históricos, o filme, sob uma delicada ótica, diferente da visão humorística do conto de Fitzgerald, conta a aventura dramática de um homem, que como qualquer um de nós, não pode parar o tempo. Não pode interferir nessa incompatibilidade metafísica entre as leis da natureza, que são reversíveis no tempo e na nossa experiência do tempo como algo irreversível.
O “normal” seria não vivenciarmos o tempo como algo reversível. Experimentamos, por exemplo, que um copo primeiro está inteiro, depois quebrado, e não o contrário. Temos lembranças do passado, não do futuro. Geralmente admitimos que o passado seja imutável, enquanto o futuro está aberto, e não o contrário.
Por isso, o filme, além de curioso, é fascinante e poético, porque mostra, com um olhar delicado, o universo inusitado da vida de um homem que transcorre ao contrário, partindo do fim para o começo.
O roteiro singular do filme nos remete a uma meditação sobre a mortalidade, a