Resenha do filme O Curioso Caso de Benjamin Button
No filme O Curioso Caso de Benjamin Button (EUA, 2008, direção de David Fincher), Benjamin nasce em 1918, no último dia da I Guerra Mundial, em Nova Orleans (EUA), e sua mãe morre durante o trabalho de parto. O bebê, no entanto, é considerado monstruoso pelo pai, que fica perplexo ao vê-lo. O espanto se deve ao fato de Benjamin ter todas as características de um idoso – entre elas, a saúde debilitada. O recém-nascido é, então, abandonado pelo pai às portas de um asilo e é adotado pela dona, Queenie.
A partir desse ponto, o filme dedica-se a contar a história de Benjamin, cuja vida segue o caminho inverso: não rumo à morte, mas rumo à juventude, em uma velhice onde o tempo não castiga, mas conforta. E essa história, contada ao telespectador em quase três horas de filme impressiona pela beleza e pela qualidade técnica. Os elementos narrativos adquirem um tom filosófico que se tornam uma verdadeira reflexão sobre o tempo.
E é o tempo o protagonista da história. Benjamin convive com a morte iminente dos colegas de asilo, amadurece, vai descobrir o mundo ao lado do capitão Mike e se envolve em seu primeiro romance. Mas é com Daisy que viverá sua mais intensa paixão. Ele a conhecera quando era velho e ela, apenas uma menina. Ao modo de cada um, o tempo passou para ambos e eles puderam se reencontrar.
Daisy, à beira da morte, é quem narra a história, e ela se lembra do caso do relojoeiro que instalou um relógio na estação de trem cujos ponteiros andavam para trás, na tentativa de amenizar a tristeza dos pais cujos filhos morreram na guerra, para que pensassem que eles ainda poderiam voltar. Essa é a história de Benjamin: uma tentativa de iludir o tempo e escapar de sua fúria. Mas a conclusão é aquela que todos já sabem mas nem todos admitem: é impossível escapar do tempo.