Chico Buarque e Gilberto Gil são conhecidos por serem um dos maiores nomes da música popular brasileira (MPB). Os dois foram exilados em 1969, devido à crescente repressão do regime militar do Brasil nos chamados "anos de chumbo", tornando-se, ao retornar, em 1970, os artistas mais ativos na crítica política e na luta pela democratização no país. Diante desse cenário, nasce a canção "Cálice” escrita e originalmente interpretado pelos cantores brasileiros Chico Buarque e Gilberto Gil em 1973. Na canção percebe-se um elaborado jogo de palavras para despistar a censura da ditadura militar. A palavra-título, por exemplo, é cantado pelo coral que acompanha o cantor de forma a soar como um raivoso "Cale-se!". A canção teve sua execução proibida durante anos no Brasil. A canção “Cálice” volta à cena. Interpretada por um jovem rapper, que se intitulou de Criolo Doido, quase 40 anos depois, num país que superou a ditadura e a censura, mas que vive a opressão da violência urbana, do preconceito, da valorização do dinheiro em detrimento das pessoas, da droga e etc. Criolo Doido surgiu na cena paulista em 1989, de família vinda do Ceará. O compositor foi conquistando seguidores e se consagrou para além dos fãs do rap, quando fez de improviso e nitidamente muito emocionado, uma versão para a música “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil. O vídeo foi para o Youtube e chegou até Chico Buarque, que retomou uma turnê musical pelo país, após cinco anos fora dos palcos, e deslumbrou seu fiel “eleitorado” quando abriu o primeiro show da série, em Belo Horizonte, cantando o rap que o Criolo Doido fez para “Cálice”. Chico interpretou um trecho da letra de Crioulo com linguajar da periferia de São Paulo, incluindo final que diz, "Afasta de mim a biqueira, pai/ Afasta de mim as biate, pai/ Afasta de mim a coqueine, pai/ Pois na quebrada escorre sangue". O rapper teve a sensibilidade de perceber que a música está atualizadíssima com os tempos atuais, pois na época