O crime do padre Amaro
Eça de Queirós
Introdução do Realismo
Movimento plástico e literário, surgido em França em meados do século XIX, cuja influência se estendeu a numerosos países europeus. Em parte, prolonga o legado do Romantismo (considerando-se mesmo, sob uma perspectiva mais abrangente, que o realismo faz parte da época cultural romântica, abalada, nos seus alicerces, apenas pelo modernismo), embora radicalizando algumas das suas características e negando outras.
Esta corrente encontra um terreno de eleição na criação literária da segunda metade do século XIX, desenvolvendo uma escrita que privilegia a descrição minuciosa e desapaixonada das personagens e das situações. A França foi pioneira na constituição do realismo como escola literária, com escritores como Stendhal, Flaubert e Balzac. Em Portugal, a primeira afirmação do novo movimento artístico deu-se com a Questão Coimbrã, em 1865. Nas Conferências Democráticas (1871), Eça de Queirós, grande representante dos princípios do romance realista, defendia o realismo como a nova expressão artística, adequada à função de análise crítica que cabia à literatura. O realismo concretizou-se de diferentes formas em outros países europeus, sendo um dos casos mais específicos o da Rússia, com Tolstoi e Dostoievski. Na sequência do realismo, desenvolveu-se a escola naturalista.
Obra
Romance anticlerical dos mais ferozes é ambientado em Leiria, onde o Padre Amaro Vieira, ingênuo e psicologicamente um fraco, vai assumir sua paróquia. Hospedando-se na casa da Senhora Joaneira, acaba por se envolver sexualmente com sua filha, Amélia. Amaro conhece, então, o cinismo dos seus colegas, que em nada estranham sua relação com a jovem. Grávida, Amélia acaba por morrer no parto e Amaro entrega a criança a uma "tecedeira de anjos". Morta também a criança, Amaro, agora um cínico descarado, prossegue com a sua carreira. O romance, que critica violentamente a vida provinciana e o comportamento do clero, foi,