o cortiço
Há milênios, as atividades humanas interferem diretamente no ciclo da água do planeta. O controle sobre os cursos e a vazão dos rios foi fundamental para muitas das civilizações da Antiguidade.
A construção de barragens para aumentar as reservas de água e evitar o escoamento, por exemplo, começou no Rio Nilo há mais de cinco mil anos, quando a primeira represa foi erguida para reter uma parte das águas que abundavam durante as cheias. Foi o início de uma longa história de intervenções, que culminou com a construção e as sucessivas ampliações da barragem de Assuã, que deu origem ao imenso lago Nasser, na fronteira entre o Egito e o Sudão. A capacidade de retenção dessa barragem é tal que, na direção da foz, um dos maiores rios do mundo se transforma em pouco mais do que um canal.
Barragem de Assuã, no Egito
Na era industrial, a prática de regularização dos cursos fluviais, por meio da construção de barragens, represas e canais, disseminou-se a tal ponto que, no mundo inteiro, são raros os sistemas de drenagem que mantêm intactas suas características naturais.
Nas áreas urbanizadas, o ciclo hidrológico é profundamente alterado pelas atividades humanas. Com a quase total retirada da cobertura vegetal, o processo de transpiração diminui sensivelmente. O ar perde umidade e ocorre o aumento da drenagem superficial, acentuada pela grande quantidade de superfícies impermeáveis (concreto, asfalto, telhados), que impedem a infiltração e a percolação. Apesar da complexa estrutura de canais artificiais de drenagem, esse conjunto de alterações aumenta exponencialmente o risco de inundações nas grandes cidades.
A impermeabilização do solo associada à falta de cobertura vegetal é a principal causa dos alagamentos nas zonas urbanas
Por outro lado, o aumento acelerado do consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e efluentes industriais tornam o sistema de abastecimento