o cortiço
Este Inferno de Amar
Es/te in/fer/no/ de a/mar/ - co/mo eu/ a/mo! - 9 A
Quem/ mo/ pôs/ aqui/ n'al/ma... quem/ foi? 6 B
Es/ta/ cha/ma/ que a/len/ta e/ com/so/me, 9 C
Que é a/ vi/da - e /que a/ vi/da/ des/trói – 7 D
Co/mo é /que/ se/ veio a/ ate/ar, 6 E
Quan/do - ai /quan/do/ se/ há/-de e/la a/pa/gar? 9 E
Eu não sei, não me lembra: o passado, F
A outra vida que dantes vivi G
Era um sonho talvez... - foi um sonho - H
Em que paz tão serena a dormi! G
Oh! que doce era aquele sonhar... E
Quem me veio, ai de mim! despertar? E
Só me lembra que um dia formoso I
Eu passei... dava o sol tanta luz! J
E os meus olhos, que vagos giravam, K
Em seus olhos ardentes os pus. J
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei; L
Mas nessa hora a viver comecei... L
O poema possui versos livres e melodiosos, uma linguagem simploria e popular. Formado por três estrofes compostos por seis versos cada. Vale ressaltar o aspecto da pontuação, como: exclamações, interrogações, reticências, é como se o “eu-lírico” não pudesse se conter e exalta as confidências confusas, como se falasse sozinho, procurando entender seus sentimentos. Almeida Garrett é considerado o introdutor do Romantismo em Portugal. Os poemas “Este inferno de amar”, “Não te amo” e “Branca Bela” são considerados obras-primas do autor e faz parte do livro “Folhas Caídas”, que nasceu de uma intensa paixão de Garrett pela Viscondessa da Luz, Maria Rosa de Montúfar. O poema demonstra a confusão dos sentimentos do amante, onde podemos perceber com as figuras de pensamento, antítese, paradoxo, o jogo de oposições e também no próprio título. O título “Este inferno de amar” traz uma ideia contrária daquilo que temos por amor, porque temos a convicção que o amor, na maioria das vezes, nos dá a sensação de prazer, encanto, felicidade, o oposto do que o “eu-lírico” afirma, pois para o “eu-lírico”, amar é um inferno.
Ex: “Esta chama que alenta e consome,
“Que é a vida – e que a vida