O corpo sob o olhar da ciência
Bem sabemos, o corpo é visto, muitas vezes, como uma massa de modelar, ou seja, socialmente modulável, uma vez que é vivido e vivenciado conforme o estilo de vida da cada indivíduo. Atualmente, o culto ao corpo e os investimentos sobre o mesmo encontram-se, de certa forma, exacerbados. Em cada época se estabelece um modelo de corpo "máquina-perfeita" para o ser humano, levando-se em consideração os valores, as crenças, os mitos, a exigências e os interesses sociais e culturais de cada povo.
Assim, este ensaio está organizado em dois momentos: primeiramente, realizamos uma breve explanação sobre a concepção de corpo, isto é, que tipo de corpo foi sendo construído ao longo de nossa história, e como esta noção de corpo, baseada no racionalismo moderno, influenciou a educação e a própria educação corporal em nossa sociedade. E, por fim, no segundo momento, buscamos refletir sobre os significados que emergem da noção de corpo e as questões advindas da imagem corporal e da busca incessante pelo corpo perfeito.
Corpo "máquina-perfeita"
Muito se tem dito sobre as possibilidades de expressão do corpo em nossa sociedade contemporânea. Contudo, a noção de corpo suscita, de imediato, um questionamento central: que corpo e que concepção de corpo estamos buscando ao longo de nossa história, tendo em vista que a espécie humana, de alguma forma, muito antes da polis grega, já teria construído algum tipo de conhecimento sobre o corpo. Podemos dizer que o marco referencial da discussão em busca da corporeidade tem sido aquilo que se passou a denominar de conhecimento moderno, ou seja, aquele conhecimento que emergiu a partir da crise do feudalismo com a chamada Revolução Científica dos séculos XVI e XVII, retomando, por assim dizer, o logos grego por meio de releituras de obras como as de Platão e Aristóteles, o que proporcionou a emergência de uma epistême renascentista que iria fundar novas bases para o conhecimento moderno e, por